Paulo Gabriel Soledade Nacif

 

Em setembro de 1977, a NASA lançou a Voyager 1, uma espaçonave robótica, com a missão de estudar o Sistema Solar exterior.  Quando a sonda passou por Saturno, o Astrônomo Carl Sagan propôs que a espaçonave virasse a câmera para dentro do Sistema Solar e tirasse uma última foto da Terra.  A fotografia do nosso planeta foi tirada em 14 de fevereiro de 1990, de uma distância de seis bilhões de quilômetros. Na referida fotografia, o tamanho aparente da Terra é menor do que um pixel. O planeta aparece como um pequeno ponto na imensidão do espaço, no meio de um raio solar. Sobre aquela foto, pensadores escreveram várias reflexões. Carl Sagan, por exemplo, em 1994, escreveu Pálido Ponto Azul[1], uma leitura inspiradora sobre o lugar do nosso planeta e de nós mesmos no universo.

Muitos de nós já estamos mais distantes do Recôncavo Ancestral do que a Voyager 1 estava da Terra quando se voltou para tirar essas últimas fotos, mas ainda assim também precisamos nos virar para trás e olhar para este nosso Pálido Ponto Negro. E por que devemos diminuir a nossa marcha para frente e olhar por um instante para esse pequeno pedaço do planeta Terra? Porque no seu diminuto território, o Recôncavo possui uma imensa história capaz de explicar muito dos Brasis que ainda buscam se entender e conviver em um ambiente com tantas diferenças. Assim, ele pode contribuir com respostas originais para o construto de uma nação justa que possa aflorar dessa diversidade. Se ainda tivermos tempo para isso. 

Ademais, tal território possui uma verdadeira coleção de fins dos tempos, antologia desenhada desde a chegada dos invasores europeus e, assim, os povos do Recôncavo dominam um ativo de experiências valioso nos tempos atuais, quando esse horizonte tanatológico da humanidade começa a ser levado a sério, mesmo na racionalidade ocidental. Déborah Danowski e Eduardo Viveiros de Castro escreveram um texto seminal sobre o assunto: Há um mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins (2017)[2]. Nesse texto, os autores falam sobre o fim do mundo, não mais como uma perspectiva longínqua, estabelecida por uma teoria do campo astronômico ou como mitos apocalípticos presentes em diferentes culturas ocidentais, orientais, africanas, ameríndias e outros povos originários. 

Os autores dissertam sobre algo concreto que se coloca no nosso futuro imediato, pela dinâmica termodinâmica da terra, simbolizada pelas mudanças climáticas, mas, adicionalmente por estudos que apontam outros vários limites planetários que podem desencadear catástrofes ambientais irreversíveis: acidificação dos oceanos, depleção do ozônio estratosférico, uso de água doce, perda da biodiversidade, interferência nos ciclos globais de nitrogênio e fósforo, mudança no uso do solo, poluição química, taxa de aerossóis atmosféricos. Há uma realidade que precisamos enfrentar: A humanidade se transformou em uma força geofísica altamente destrutiva. É certo que nem todos são responsáveis por tal situação pré-catastrófica (ou pós), mas essa abordagem não muda, por si mesma, a nossa direção ao abismo.

Nesse mesmo livro, Danowski e Castro destacam a importância de conhecer mais a fundo as diferentes experiências dos povos originários com os fins dos tempos: “os índios sobreviventes, os “Terranos” de pleno direito daquele Novo Mundo, se viram, reciprocamente, como homens sem mundo, náufragos, refugiados, inquilinos precários de um mundo a que eles não pertenciam, pois ele não mais lhes pertencia. E não obstante, eis que muitos deles sobreviveram”. Assim como os seus habitantes originários que sofreram com uma verdadeira antologia de fins dos tempos já nas primeiras décadas da ocupação portuguesa, holandesa e francesa, os povos subsequentes do Recôncavo, desde sempre se viram em um mundo que não lhes pertenciam, mas foram capazes de se erguer, tantas vezes foram necessárias e ainda transformar com as suas marcas indeléveis este universo sempre constituído estruturalmente para não ser seu. 

Esse território que se apresenta em forma de arco em torno da Baía de Todos os Santos e que passou a ser conhecido pelo nome da sua forma, Recôncavo, é palco de sucessivas rupturas espaçotemporais de dimensões verdadeiramente apocalípticas. E é sobre tal perspectiva que queremos (re)apresentar este lugar.

Com a chegada dos portugueses, Kirimurê, grande mar interior dos Tupinambás, foi denominada Baía de Todos os Santos. Localizada na latitude de 12°50’ S e a longitude de 38°38’ W, a Baía apresenta uma área de 1.233 km2 e, em um litoral sul atlântico pobre em recortes, logo se constituiu em um ponto de referência precioso para a navegação. A Baía de Todos os Santos tem a sua origem numa falha geológica que se formou há 140 milhões de anos, quando a América do Sul começou a se separar da África, e um bloco rochoso desceu em relação a outro.  É um grande estuário, com uma expressiva variação de condições e recursos ambientais. Isso decorre principalmente da variação das marés, profundidades e distâncias do oceano e imprime significativos gradientes físico-químicos entre a sua entrada e seu interior, o que resulta em variados nichos ecológicos. Ela penetra até 80 quilômetros adentro no continente no limite máximo de ação da maré. 

A Baía de Todos os Santos possui um contorno litorâneo de 300 km e os principais limites são o Porto da Barra (em Salvador) e a Ponta do Garcês (ao sul, em Jaguaripe). Eduardo Bueno, em Náufragos, traficantes e degredados: as primeiras expedições ao Brasil (1998)[3], ensina que “no ano cristão de 1501, no primeiro dia de novembro, a primeira igaraçu [canoa grande: navio português] cruzou a barra da baía para rebatizá-la Baía de Todos-os-Santos. Eram ao todo três os navios que compunham a expedição do português Gonçalo Coelho e do florentino Américo Vespúcio. Sua missão era fazer o reconhecimento das terras ocidentais do Atlântico Sul, das quais se tinha notícia através dos relatos da expedição do espanhol Hojeda e do português Cabral. Os navegadores descobriram as qualidades de Kirimurê [mar interior] e seus habitantes: bom porto, lugar de reabastecimento fácil, população hospitaleira. Aqui descansaram por 27 dias e, ao sair, ensinaram aos tupinambás a escravidão, comprando-lhes dez prisioneiros de guerra que venderam na Europa”. 

Mem de Sá, o terceiro Governador Geral do Brasil, faleceu em 1572, “depois de exterminada a última nação indígena” do Recôncavo. A completa desarticulação das comunidades indígenas resultou em mortes, fugas ou aculturação desses povos. A tecnologia militar baseada em armas de aço e cavalos, a ação dos jesuítas e doenças infecciosas endêmicas dos europeus selaram o destino dos povos originários nesse lugar. 

No livro Armas, germes e aço: os destinos das sociedades[4], Jared Diamond (1997) destaca: “Em todas as Américas, as doenças introduzidas pelos europeus se alastraram de uma tribo para outra bem antes do avanço dos próprios europeus, matando um percentual calculado em cerca de 95% da população nativa da América pré-colombiana”. Assim, constituímos a primeira zona livre de comunidades indígenas das Américas. Aqui, no Recôncavo, os nossos povos originários permaneceram principalmente na mistura com a gente pobre, mas também no sangue dos colonizadores. Os seus testemunhos estão nos sambaquis e em muitos costumes que se fizeram infinitos pela força de quem conheceu essa terra desde os tempos imemoriáveis. 

Aqui temos denominações como Capivari, Paraguaçu, Camurujipe, Catuíçara, Buracica, Muritiba, Capoeiruçu, Saubara, Sapeaçu, Maragogipe, Aratuípe, Subaé. Em alguma medida, somos herdeiros de uma comunidade da mandioca e muito da nossa socialização original, nossos fantasmas, namoros e traições, cunhadismo, ensinamentos de pais, padrinhos, tios, amigos, se deram nas casas de farinhas. Datam de dois mil anos os primeiros vestígios de pilões para moagem de mandioca no Brasil.

Na borda litorânea e ao longo dos rios que desembocam na Baía que se estabeleceram, surgiram, ainda no século XVI, os primeiros engenhos de cana-de-açúcar e em torno dos quais cresceram os primeiros povoados que dariam origem às primeiras paróquias: as de São Francisco do Conde, Passé, Cachoeira e Santo Amaro. Para operar todo esse sistema, enquanto os indígenas pereciam ou escapavam para o interior, um outro fim de mundo era preparado do outro lado da margem do Atlântico. 

Aprisionados no interior da África subsaariana, por incursões dos mercadores escravagistas e por outros africanos, os escravizados eram conduzidos em marcha forçada até o litoral do continente para serem vendidos aos comerciantes europeus e americanos, que os embarcavam nos navios negreiros. Amontoados nos porões da embarcação, presos às correntes, o mau cheiro imperava, praticamente não havia espaço para movimentação, afinal, o lucro era estabelecido pelo número de pessoas sequestradas. A viagem durava entre dois e três meses, a depender das condições do tempo e o número de mortes nessas circunstâncias era muito grande. 

Laurentino Gomes, no Volume I da Trilogia Escravidão (2019)[5], estima que cerca 1,8 milhão de cativos morreram durante a travessia. Isso significa que, sistematicamente, ao longo de 350 anos, em média, quatorze cadáveres foram atirados ao mar todos os dias. Laurentino Gomes nos informa que segundo várias testemunhas da época, mortes tão frequentes e em cifras tão grandes fizeram com que tubarões mudassem as suas rotas migratórias, passando a acompanhar os navios negreiros à espera de corpos que seriam lançados sobre as ondas e lhes serviam de alimento.

Entre 1549 e 1888, a Bahia recebeu cerca de dez por cento de todos os negros sequestrados para a América no período da Escravidão. Estudos apontam que cerca de doze milhões de Africanos foram sequestrados e conduzidos para o Novo Mundo. Desse total, cinco milhões vieram para o Brasil. A Bahia recebeu 1,3 milhão, a imensa maior parte, para o Recôncavo. 

As mesmas correntes marítimas que determinam a escolha de Salvador para a chegada de navegadores solitários, que partem da África como o brasileiro Amyr Klink (1984 – Namíbia/Camaçari) e o sul-africano Richard Kohler (2023, África do Sul/Salvador), foram determinantes para facilitar o tráfico negreiro para o Recôncavo. 

O Brasil foi o país da América que mais profundamente estabeleceu o sistema escravagista como princípio basilar do seu desenvolvimento socioeconômico e, aqui, no Recôncavo, tivemos a quintessência desse modelo. Com a chegada dos africanos, o Recôncavo viveu uma das mais ricas e cruéis experiências civilizatórias no Novo Mundo, que resultou em muitas antíteses e sínteses incompletas da convivência de grande diversidade de povos com trajetórias históricas, culturas e projetos distintos.

No Recôncavo, o complexo canavieiro se consolidou ao norte da Baía de Todos os Santos, espacialmente nucleado numa área com domínio de classes de solos muito argilosos, pegajosos e férteis, localmente denominadas de massapês. As outras áreas, no sul do Recôncavo e ao norte de Salvador, se especializaram na produção de gêneros alimentícios, principalmente a mandioca e madeiras para abastecimento dos engenhos e de Salvador. O cultivo do fumo ganhou importância nessas áreas, se tornando uma atividade subsidiária da lavoura açucareira, dado o papel que desempenhava no tráfico de africanos. 

O jornalista Tiago Rogero no Podcast (2022) e no Livro (2024) do Projeto Querino – um olhar afrocentrado sobre a história do Brasil[6], nos lembra que os primeiros símbolos nacionais e a Bandeira do Império têm dois raminhos de folhas emoldurando o Brasão. De um lado, café; do outro, tabaco. Segundo o Decreto de Dom Pedro, os ramos deveriam simbolizar a “riqueza comercial” do Império. Depois da escuta e leitura do referido Projeto Querino, é difícil duvidar que o Imperador não tivesse a intenção de explicitar, por meio do raminho de tabaco, o seu compromisso com a Escravidão no Brasil. 

Lembro-me de uma Conferência do Professor Ubiratan de Castro (1948 -2013), em 2011, na Universidade Federal da Bahia, na qual ele destacou que a própria dinâmica da escravidão fez com que os cativos oriundos das mais variadas nações africanas estivessem misturados sob o controle dos mesmos algozes nas terras americanas. Na Bahia, por exemplo, desenvolveu-se uma macroidentidade de “africanos”, uma espécie de grande guarda-chuva que cobria todos os nascidos no continente africano, inaugurando, assim, um pan-africanismo nas Américas. Chegaram os bantos, depois nagôs, jejes, e tantos outros, como fantis, axantis, minas, malês, hauçás, kanuris, tapas, gruncis, fulas e mandingas. 

O Candomblé, por exemplo, nasce aqui, desse encontro nas Terras livres dos males, como uma reinvenção nossa — brasileira, já que na África cada Orixá é cultuado em um território específico.  O povo negro foi o principal fator de organização do país que se formava, e mais ainda, no Recôncavo. O intelectual Santoamarense Manuel Querino, no livro O colono preto como fator da civilização brasileira (1918) [7] enfatiza que “o colono preto, ao ser transportado para a América, já estava aparelhado para o trabalho que o esperava aqui, como bom caçador, marinheiro, extrator do sal abundante, em alguns lugares, pastor, agricultor, extrator de marfim etc. Ao tempo do tráfico, já o africano conhecia o trabalho da mineração, pois lá abundava o ouro, a prata, o chumbo, o diamante e o ferro”.

Aqui o povo negro foi submetido a toda espécie de atrocidades, mas o Recôncavo nunca se rendeu. A resistência dos escravizados existiu desde a chegada do primeiro africano nessas terras. Palmares (localizado na Serra da Barriga, atual município de União dos Palmares, Alagoas), foi fundado ainda no século XVI. Por isso, a preocupação com os negros daqui sempre esteve presente em toda a nossa história. As ações dos donos do poder encontraram infinitas formas de resistências por meio de rebeliões, fugas, negociações e redimensionamentos culturais, exercitadas pelos povos dominados.

Somos um exemplo único de que a vida pode ser reconstruída, em sua maior potência, a partir de qualquer fio, qualquer ponta, qualquer ponte. Como ensinou Humberto Maturana[8], neurobiólogo chileno, “o presente do organismo surge em cada instante como uma transformação do processo do organismo nesse instante. O futuro de um organismo nunca está determinado em sua origem!”. 

José Alípio Goulart, em seu livro Da fuga ao Suicídio – Aspectos de Rebeldia dos Escravos no Brasil (1972)[9] enfatiza que “ao longo do período escravista brasileiro, a intolerância do negro não só foi uma realidade presente, como uma ação permanente. Ora bulhenta, ora silenciosamente, ele a punha em prática sem esmorecimento, fosse individual ou coletivamente: fugindo, amotinando-se, assassinando, roubando, e até suicidando-se quando imprimia à auto-eliminação a marca inconfundível da sua rebeldia. Jamais o negro foi um conformado.” Essa percepção, consensual entre os estudiosos é bem distante daquela presente na cultura brasileira, baiana e do Recôncavo. Darcy Ribeiro, no livro O povo Brasileiro - A formação e o sentido do Brasil (1995)[10] destaca: “foi uma luta longa e terrível que se exprimiu de mil modos. Diariamente, pela resistência dentro do engenho, cujo funcionamento exigiu o pulso e o açoite do feitor para impor e manter o ritmo de trabalho. Episodicamente, pela fuga de negros já conhecedores da terra para territórios ermos onde se acoitavam, formando quilombos.” 

Manuel Querino, no trabalho supracitado, destacou que “a derrota de palmares estimulou senhorio no jugo ferrenho em que trazia o escravizado; era a reação requintada pela previsão do perigo. O escravo do Recôncavo da Bahia, principalmente, era, no geral, mal alimentado, e não raro, por vestuário, possuía apenas a tanga de tênue pano de aninhagem.” Antes mesmo de Caetano Veloso e por motivações bem diferentes, a elite já cantava: “E o Recôncavo, e o Recôncavo e o Recôncavo, meu medo”. A Revolução do Haiti, que se inicia em 1791, amplifica esse temor. Laurentino Gomes no Livro 1808[11] lembra a preocupação do pensador Francisco de Sierra y Mariscal explicitada em 1923 sobre o movimento da Independência e seus desdobramentos: “A raça branca acabará em mãos de outras castas e a Província da Bahia desaparecerá para o mundo civilizado”. 

Luiz Felipe Alencastro, na Revista Novos Estudos da CEBRAP (2010)[12], é enfático ao destacar que “o tratado anglo-português de 1818 vetava o tráfico no norte do Equador. Na sequência do tratado anglo-brasileiro de 1826, a lei de 7 de novembro de 1831 proibiu a totalidade do comércio atlântico de africanos no Brasil”. Como consequência da completa desobediência dos donos do poder, cerca de 50 mil africanos oriundos do norte do Equador são ilegalmente desembarcados entre 1818 e 1831, e 710 mil indivíduos, vindos de todas as partes da África, são trazidos entre 1831 e 1856, num circuito de tráfico clandestino. 

Para Alencastro, este é o pecado original da sociedade e da ordem jurídica brasileira: Os alegados proprietários/algozes desses indivíduos livres eram considerados sequestradores, mesmo à época, incorrendo nas sanções do artigo 179 do Código Criminal, de 1830[13], que punia o ato de "reduzir à escravidão a pessoa livre que se achar em posse de sua liberdade". Destacar isso é importante para enfrentarmos o discurso de alguns que buscam relativizar a escravidão como um fenômeno eticamente aceitável no seu tempo. 

Após as lutas que resultaram na abolição da escravatura, em 1888, fomos lançados à nossa própria sorte sem nenhuma providência para sermos integrados à sociedade produtiva, o povo negro teve que se reinventar, mais uma vez, mais tantas vezes, na educação, na saúde, na moradia, no trabalho, na arte. E assim entramos no século vinte. 

A realidade da riqueza e ostentação que marcaram a sociedade açucareira do Recôncavo ficou para trás com a abolição da escravatura. A elite baiana, especialista em escravidão, não conseguiu superar velhos modelos de produção, não suportou um mínimo sopro de liberalismo e sucumbiu perdendo todo protagonismo econômico e político para o Sudeste. Vários fatores podem ser identificados como responsáveis pela falência dessa atividade econômica: a fragilidade de uma economia de mercado, cujos centros decisórios situavam-se fora da esfera de controle dos produtores, as oscilações climáticas, a rigidez do sistema produtivo escravista, a não modernização das técnicas agrícolas, explicitada quando da extinção do tráfico negreiro e a concorrência internacional. 

Francisco Xavier Ferreira Marques, baiano da Ilha de Itaparica, no Romance As voltas da estrada[14] descreve como a elite escravocrata do Recôncavo fracassou diante da abolição da escravatura: “No ano de 1900 já eram anacrônicos os tipos de senhor e senhora-de-engenho com os principelhos desocupados e pródigos e os séquitos de lacaios e mucamas que lhe compunham a numerosa famulagem. As fazendas despovoadas, os solares desabitados e soturnos, os engenhos convertidos em ninhos de morcegos e depósitos de ferragem velha, abrolhadas de mato rasteiro e capim de Angola as terras que foram luxuriantes partidos, tudo atestava o fim de uma época.”

A redução das taxas de lucro e a crescente dependência de empréstimos obtidos junto aos comerciantes de Salvador esgotaram as possibilidades de reação dos proprietários de fazendas e engenhos que, pouco a pouco, foram perdendo prestígio e poder nas estruturas administrativas nacionais e locais, apesar da sua intensa mobilização política visando manter seus privilégios e poder de mando. No desespero da sua incompetência histórica a elite continuou culpando o nosso povo pelo seu fracasso. 

Xavier Marques, no livro já citado, buscando uma síntese do seu tempo (primeiras décadas do século XX) descreve naquele Romance o projeto de um engenheiro descendente de um senhor de engenho de povoar o Recôncavo com imigrantes europeus: “A salvação geral é o brasileiro selecionado do sul ou o colono estrangeiro, de boa estirpe, com hábitos de trabalho e higiene, ambição de progresso, disciplina... o colono que lavre o solo e vá lavrando do mesmo modo a raça, para que venham gerações e novo sangue”. 

Para além da ficção, o século XX assistiu a projetos políticos de um Recôncavo sem negros e que se soma às nossas histórias apocalípticas. Em 1958, quando muitos de nós já existíamos, o sociólogo Luiz de Aguiar Costa Pinto teve que enfrentar o debate sobre a proposta de setores da elite brasileira de deslocar para o Recôncavo um milhão de europeus. Para a pesquisa desse texto não encontrei vínculos diretos entre o citado Romance de Xavier Marques e a questão levantada por Costa Pinto, mas é bem possível que esteja no texto do autor Itaparicano uma das fontes que ampliaram na política, na imprensa e na academia, o debate sobre o tema da imigração de europeus para o Recôncavo.

Costa Pinto publicou os resultados da pesquisa Recôncavo: laboratório de uma experiência humana (1958)[15] e começa o capítulo comentando um artigo que havia sido publicado em um suplemento dominical de um jornal carioca e que dizia que a saída para os problemas de desenvolvimento da região do Recôncavo seria “um plano e um milhão de europeus”: “Um plano e um milhão de europeus e a tese que é apresentada pode ser resumida da seguinte maneira: a Bahia precisa, para resolver sua crise econômica, de duas coisas: um plano, que sirva de roteiro a sua política de desenvolvimento e um milhão de europeus que possam executar aquele plano pela injeção maciça, no mercado de trabalho, de mão-de-obra nova e renovadora, superior, em qualidade e qualificação, à mão de obra local”. 

É incrível o que Costa Pinto precisou escrever para se contrapor aos projetos imigratórios: “O fato da ciência afirmar e demonstrar que a capacidade de transformar-se, na medida em que transforma o meio que o cerca, é um dos atributos fundamentais do Homo sapiens”...“não é bastante para impedir que os esquemas ideológicos estabilizadores se reconstituam e desempenhem sua função de defesa e resistência, toda vez e em qualquer parte onde um padrão tradicional de estrutura econômica e social, no seu normal desenvolvimento, coloca diante de si problemas de tal ordem e envergadura que não é possível resolver sem se transformar.”

A nossa história segue. Em 1960 os franceses, que por aqui estiveram no início dessa epopéia, patrocinando intenso comércio de pau-brasil com os Tupinambás, voltaram com mais um projeto escatológico e deixaram em Santo Amaro uma das maiores contaminações de metais pesados de todo o mundo. Já compararam o problema santoamarense à Chernobyl (Ucrânia). A Cobrac, subsidiária da francesa Penarroya Oxide, despejou irregularmente na região cerca de 300 mil litros de escória, o rejeito do chumbo, de 1960 até 1993. Além de contaminar o solo, o lençol freático e o rio Subaé, esse rejeito também está associado a várias doenças de moradores da região e de ex-trabalhadores da empresa, como anemia, câncer de pulmão, lesões renais, hipertensão, demência e saturnismo, que é o nome dado à intoxicação por chumbo. 

Na sua antologia de fins do mundo, o Recôncavo tem registro de extermínio de várias formas de vida. Fomos o primeiro território brasileiro a ter a mata atlântica devastada. No livro A Ferro e Fogo – A História e a Devastação da Mata Atlântica (1996)[16], um dos mais importantes trabalhos de História Ambiental já realizados sobre o Brasil, Warren Dean, detalha os processos de destruição e conservação dos 1,3 milhões de quilômetros quadrados do bioma Mata Atlântica. Ele lembra que as civilizações pré-colombianas utilizam uma agricultura baseada na coivara e isso tem impacto ambiental, mas nada se compara ao processo de destruição que a invasão europeia proporcionou. 

Atualmente, a região apresenta um dos mais baixos percentuais de remanescentes florestais do Brasil. Bert Barickman no livro Um Contraponto baiano - Açúcar, fumo, mandioca e escravidão no recôncavo (2003)[17], destaca que já em 1600, o Recôncavo importava lenha de outras regiões mais interioranas. A mata foi rapidamente destruída, a fim de abrir terrenos para a lavoura, fornecendo pranchas de madeira de lei para os estaleiros, inclusive à armada portuguesa e, talvez, de maneira mais devastadora, para obter combustível, inicialmente para os engenhos e, posteriormente, também para as diversas atividades de uma região que foi rapidamente povoada. 

O processo foi tão intenso que temos no Recôncavo áreas abandonadas há mais de cinquenta anos, sem a regeneração da Mata Atlântica, tomadas por capoeira (vegetação secundária) composta arbustos (pincipalmente a Jurema), mesmo com solos bons e chuvas abundantes, por falta de banco de sementes. Aqui ultrapassamos o ponto de não retorno já antes de 1600.

O Recôncavo foi um grande consumidor dos derivados de baleias e precursor dessa atividade de pesca no Brasil. Praticamente tudo era aproveitado — carne, as barbatanas para confecção de espartilhos, guarda-chuvas, e a ossada, para fins estruturais e ornamentais; também exportado seu óleo, adquirido da gordura, conhecido também como azeite de peixe, utilizado principalmente para a iluminação das cidades e ligante da argamassa.  Esse processo foi tão intenso e predatório que as capturas anuais caíram vertiginosamente com o tempo. 

A dinâmica estabelecida desde o século XVI entre Salvador, a Baía de Todos os Santos e o seu Recôncavo se revelou tão profundamente sistêmica que na década de 1950 Aroldo de Azevedo[18], à época um dos principais geógrafos do Brasil escreveu: “O Recôncavo da Bahia constitui, em última análise, um interessantíssimo campo para a atividade do geógrafo, pelos característicos de sua paisagem e pelos problemas que sugere, tanto no campo da geografia física como no da geografia humana. Um pequenino recanto de um Brasil imenso, onde se tem a felicidade de encontrar uma região geográfica, no verdadeiro sentido da expressão.”

Pós-colapso do sistema escravista e descoberta de petróleo ao norte, Salvador e a parte sul do seu Recôncavo começaram a formar espacialidades socioeconômicas bem diferentes. Em 1941, quando o primeiro poço comercial do Brasil começa a funcionar, a Petrobrás começa a construir as bases de uma Região Metropolitana que, com a ditadura militar, se consolida diferente daquela prevista por Milton Santos. Sem dúvidas, os bolsões industriais são importantes, mas descolados completamente do território do Recôncavo em sua textura mais profunda. Para além disso, o que se vê são promessas sempre inconclusas associadas a mercantilização de sua cultura, o apetite dos grandes empreendimentos turísticos e uma forte ação da especulação imobiliária urbana, rural e das áreas de praias da Baía de Todos os Santos.

Na contemporaneidade, a nossa história segue no ritmo do poeta Cazuza: Eu vejo o futuro repetir o passado / Eu vejo um museu de grandes novidades. A dinâmica de construção da Ponte Salvador/Itaparica, pelos chineses, parece desenhar para a porção sul do Recôncavo o mesmo destino já visto na sua porção norte. Mesmo considerando a inexorabilidade desse empreendimento, é possível entender porque João Ubaldo Ribeiro se colocou contra ela. João Ubaldo trouxe argumentos interessantes sobre os caminhos do progresso que perseguimos, mas, lamentavelmente, não foi considerado. 

O objetivo não seria uma simples desistência do projeto, mas a necessidade de uma concepção que considere as consequências que já conhecemos tão bem. Possivelmente, ocorrerá a consolidação de um eixo envolvendo a Ilha de Itaparica/Nazaré/Santo Antônio de Jesus/Baixo Sul, que estabelecerá uma nova alça sul associada à Capital, completando a previsão de Milton Santos sobre o Recôncavo histórico se constituir completamente na região Metropolitana de Salvador, mais uma vez sem planejamento urbano, desconsiderando aspectos da sustentabilidade socioambiental e ignorando tudo que há de acúmulo nesse lugar verdadeiramente sagrado. 

Diante das catástrofes planetárias que as mudanças climáticas apontam, é bem provável que essa seja a última grande intervenção no Recôncavo realizada por uma humanidade como a nossa. Em entrevista ao Jornal Correio da Bahia (19/12/2024)[19], um dos maiores climatologistas do mundo, o cientista Carlos Nobre falou sobre os efeitos das mudanças climáticas em Salvador: "Se atingirmos a temperatura de 1,5ºC, e só zerarmos a emissão de gases [poluentes] em 2050, vamos atingir 2,5ºC. O que é quase como o 'fim' do planeta. Se continuarmos com as emissões do jeito que estão, podemos chegar a até 4ºC no próximo século”. Nessa temperatura, toda a região equatorial se torna inabitável, inclusive, o Recôncavo e Salvador.

Em meio a essa antologia apocalíptica, um outro Recôncavo se formou à revelia dos donos do poder de ontem e de hoje. Um Recôncavo que se erguia por si mesmo, contra tudo, após cada fim de mundo. A cada ciclo apocalíptico nos fortalecemos e chegamos vivos até aqui. Mortos por tiros e epidemias, eis que muitos de nós sobrevivemos! Sequestrados, despidos e acorrentados, transportados como fardos aos montes para longe, a um oceano distante das suas terras, para serem vendidos como escravizados, tratados como sub-humanos, coisificados e obrigados a trabalhar debaixo de chicotadas, alimentados como animais, chegamos vivos até aqui. Abandonados à própria sorte no dia 14 de maio de 1888, sem nenhum projeto de inclusão dos negros na sociedade, sem direito à terra ou às letras, tratados como cidadãos de terceira classe, chegamos vivos até aqui. Recôncavo é o que veio após o fim do mundo.

A escritora Conceição Evaristo conseguiu colocar, em poucas palavras e com infinita sabedoria, o que é a história dos negros e negras desde que chegaram sequestrados nessa margem do Atlântico Sul: “Combinaram de nos matar. A gente combinamos de não morrer.” Em toda essa dinâmica apocalíptica, atravessamos os nossos fins de mundo com a única arca possível aos condenados da terra: nossos corpos, nossa ancestralidade, nossos encantados, apoiando uns aos outros, umas às outras. Mesmo depois de séculos de sofrimentos, ressignificamos esse lugar e a vida e fizemos daqui um polo produtor e dispersor de poesia, música, esporte, filosofia, tecnologia, comida, dança e tudo mais.

Chimamanda Ngozi Adichie, escritora nigeriana, no seu texto O perigo de uma história única (2019)[20] , destaca que “as histórias importam, muitas histórias importam. As histórias foram usadas para espoliar e caluniar, mas também podem ser usadas para empoderar e humanizar.” E temos muita história. Recôncavos de história. Ailton Krenak, em Ideias para adiar o fim do mundo (2019) [21], faz uma bela provocação sobre adiar o fim do mundo, destacando que só conseguiremos isso enquanto pudermos contar mais uma história: “Se pudermos fazer isso, estaremos adiando o fim”. Krenak destaca aspectos relevantes sobre o quão é importante preservar os nossos vínculos e raízes com lugares como o Recôncavo ancestral: “A modernização jogou essa gente do campo e da floresta para viver em favelas e em periferias, para virar mão de obra em centros urbanos. Essas pessoas foram arrancadas de seus coletivos, de seus lugares de origem, e jogadas nesse liquidificador chamado humanidade. Se as pessoas não tiverem vínculos profundos com sua memória ancestral, com as referências que dão sustentação a uma identidade, vão ficar loucas neste mundo maluco que compartilhamos.”

O Recôncavo Ancestral, na contemporaneidade, se desdobrou em outros territórios, mas essa região ainda se constitui e sempre se constituirá, numa referência cultural única. Por isso, considero que a referência de Recôncavo deve ser sempre aquela historicamente definida. Há um dado de realidade que não muda e não mudará, desde que os indígenas foram aniquilados e os primeiros africanos aqui chegaram: Formamos uma comunidade regional de negros e negras única nas Américas, com a mesma raiz histórica e muito provavelmente numa proporção e laços culturais como nenhuma outra região no Brasil e nas Américas. Foram nossos ancestrais que reconstruíram esse lugar, material e espiritualmente, quantas vezes foram necessárias. A ocupação dos povos negros nesse território tem a mesma força e perenidade que as falhas tectônicas que formaram a Baía de Todos os Santos.  

Reafirmando em outros termos Walter Benjamin, o Recôncavo é um monumento à cultura que se ergueu onde o projeto era tão somente um monumento à barbárie. Fomos nós que enchemos esse território de vida e beleza, onde o projeto dos donos do poder era injustiça e morte. Nós estamos aqui criando, todo dia, novas histórias e adiando o fim do mundo. No campo, nas cidades pequenas como Teodoro Sampaio ou Aratuípe e nas periferias de cidades como Santo Antônio de Jesus, Alagoinhas, Feira de Santana ou Salvador, inventamos novas formas de expressão, sempre estabelecendo infinitos centros produtores de vida e cultura.

Não constituímos o espaço uno de outrora, a dinâmica sócio-histórica imprimiu compreensíveis dissociações territoriais, mas somos um espaço cultural que permanece se expressando material e imaterialmente e se revelando incontornável para a explicação do Brasil, do sul global e que precisa compor o necessário pensamento decolonial do nosso planeta. É extraordinária a consistência dos vínculos que determinam a existência orgânica do povo do entorno da Baía. Contribuem para isso o subespaço longamente elaborado e por muito tempo estável, as presenças de Salvador e da Baía de Todos os Santos, a área, relativamente pequena, e, como lembra Milton Santos, “as iconografias que mantêm a ideia de região através da noção de territorialidade, que une indivíduos herdeiros de um pedaço de território, uma determinada fração do espaço”. 

Ao percorrer o Recôncavo, um observador do cotidiano notará entre seus habitantes uma sensação de pertencimento à região, um sentido único de herdade, o reconhecimento de uma história comum e uma interessante referência a muitos hábitos e tradições. Tal qual o Alcorão, no livro sagrado da Brasilidade, a peregrinação ao Recôncavo deve ser obrigação que todas as brasileiras e todos os brasileiros devem fazer pelo menos uma vez na vida, se tiverem capacidades físicas e financeiras para tal. De algum modo isso já ocorre intuitivamente, vide o desejo atávico que grande parte dos brasileiros possuem em conhecer a Bahia, e que é, ao fim e ao cabo, um desejo por reencontrar o seu Recôncavo perdido. Acredito que essa busca ao Recôncavo deve ter um sentido muito além do turismo ordinário. Tal ato deve se aproximar muito mais de uma peregrinação — devendo, assim, ter um sentido de escuta litúrgica, entrega e interação com esse chão e essa gente, verdadeiramente sagrados.

Esse pedaço da Terra chamado Recôncavo, muito provavelmente, é o alicerce mais firme do que entendemos por Brasil. Somos a rocha-mãe da identidade brasileira. Aqui temos muito do significado do nosso povo e isso se renova a cada tempo, com suas histórias, seus amores, suas dores e, acima de tudo, com a sua resistência aos fins de mundo que sempre nos assombram. Por isso, a Voyage 1 talvez seja uma boa inspiração para revisitar o nosso Pálido Ponto Negro: ele parece nos desafiar para esse movimento de voltar a cabeça e olhar, mais uma vez, para ele. Visto de cima, em qualquer projeção cartográfica, o Recôncavo revela na sua geoforma, o corpo da ave mítica Sankofa — um símbolo adinkra da tradição do povo Ashanti, da África Ocidental. O pássaro mítico voa para frente, tendo a cabeça voltada para trás e carregando no seu bico um ovo: o futuro. É possível perceber o dorso da Sankofa nas linhas que delimitam a Kirimurê (Baía de Todos os Santos). O limite interiorano do velho Recôncavo, em forma de meia lua, completa o corpo do nosso pássaro. A cabeça da ave é desenhada pelo território de Salvador (como não seria?), uma península triangular, banhada pelo mar da Baía, a oeste e sul. E assim esse Recôncavo Sankofa parece sugerir, recomendar, talvez advertir: Sigam em frente, mas olhem para mim. Esse Recôncavo que veio depois do fim do mundo é um lugar encantado, muito afro-americano, em permanente contato com a terceira margem do rio, onde singram em suas potentes canoas os encantados que nos protegem. 

Diante do universo, é justamente pela força especial e única desse Recôncavo, desse chão, dessa cultura e todas as nossas infinitas narrativas, que deve estar uma das bases para a construção/fortalecimento da dignidade que precisaremos para enfrentar as incontornáveis rupturas espaçotemporais que o futuro imediato nos trará. Por isso quando caminho por essas estradas, ruas, areias, massapês e mangues, igrejas, casas de santo, águas salgadas, salobras ou doces, águas mansas ou bravias, sempre fico atento. Bem sei que o Recôncavo só será entendido da mesma forma como Alberto Costa e Silva, na obra Um rio chamado Atlântico: a África no Brasil e o Brasil na África (2002)[22], descreveu Daomé, uma realidade espiritual, “a soma dos fons mortos desde o início do mundo com os vivos e com os que ainda haviam de nascer. A nação desdobrava-se no tempo, sob disfarce de eternidade: dela e de sua representação como estado não se excluíam ancestrais e vindouros”. 


[1] Sagan, Carl. Pálido Ponto Azul: Uma Visão do Futuro Humano no Espaço. 1ª ed. Nova Iorque: Random House, 1994.
[2] ZUCKER, Fábio. Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins, de Débora Danowski e Eduardo Viveiros de Castro, Artelogie, 2017. Disponível em: <http://journals.openedition.org/artelogie/876>. Acesso em 03 mar 2025.
[3] BUENO, Eduardo. Náufragos, traficantes e degredados: as primeiras expedições ao Brasil, 1500-1531. (No Title), 1998.
[4] DIAMOND, Jared M. Armas, germes e aço: os destinos das sociedades humanas. Nova Iorque: W. W. Norton, 1997. 480 p.
[5] GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal à morte de Zumbi dos Palmares, volume 1. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019. 480 p.
[6] ROGERO, Tiago. Projeto Querino: um olhar afrocentrado sobre a história do Brasil. São Paulo: Fósforo, 2024.
[7] QUERINO, Manoel. O colono preto como fator da civilização brasileira. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA, 6º. Anais 1918.
[8] Maturana R., Humberto. Emoções e linguagem na educação e na política tradução: José Fernando Campos Fortes. - Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. 98 p.
[9] Goulart, José Alipio Manoel. Da fuga ao Suicídio – Aspectos de Rebeldia dos Escravos no Brasil, Rio de Janeiro, INL, 1972.
[10] RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 1995.
[11] GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enga- naram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil. São Paulo: Planeta, 2007. 414 p.
[12] ALENCASTRO, Luiz Felipe. O pecado original da sociedade e da ordem jurídica brasileira. Novos Estudos Cebrap, São Paulo, n. 87, 2010.
[13] BRASIL. Lei de 16 de dezembro de 1830. Manda executar o Código Criminal. Collecção das Leis do Imperio do Brazil de 1830, Rio de Janeiro, RJ, pt. 1, p. 142-200, 1876. [14] MARQUES, XAVIER As voltas da estrada. São Paulo, GRD; Brasília, INL, 1982.
[15] COSTA PINTO, Luiz A. Recôncavo: laboratório de uma experiência humana. Rio de Janeiro: CLAPCS, 1958.
[16] DEAN, Warren. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1966.
[17] BARICKMAN, B. J. Um contraponto baiano: açúcar, fumo, mandioca, e escravidão no Recôncavo, 1780-1860. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 2003. 445 p.
[18] Azevedo, A. Recôncavo da Bahia - Estudo de Geografia Regional. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, São Paulo, n. 1, p. 141-162, 1941

[19] Convencer países a zerar emissões até 2040 é desafio, diz Carlos Nobre antes de evento em Salvador. Alô, alô, Bahia, 2024. Disponível em: < https://aloalobahia.com/noticias/2024/12/19/convencer-paises-a-zerar-emissoes-ate-2040-e-desafio-diz-carlos-nobre-antes-de-evento-em-salvador/ > Acesso em 03 mar. 2025.
[20] ADICHIE, C. N. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
[21] KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. Companhia das Letras, 2019.
[22] COSTA, Carlos Alberto Silva e. Um rio chamado Atlântico: a África no Brasil e o Brasil na África. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 2003.